(…)“A do Convento era cerca do extincto convento de S. Francisco do Monte, ou de Orgens. Foi vendida pelo nosso governo e comprou-a em 1834 António Rodrigues de Loureiro, chamado pelo povo – Antonio Jeronymo, o Pepino, - que se tornou celebre pelas questões que teve com os habitantes d’esta freguezia por causa do convento. Por vezes tentaram assassinal o, pois tendo o governo dado para matriz da parochia a bella egreja do convento, elle tratou logo de demolir quasi tudo; - estragou a comunicação interior do convento para a egreja e sacristia – e tentou abrir nova comunicação da parte restante do convento para a egreja, o que o povo não consentiu por ser o dicto homem uma creatura antipathica e por estar destruindo barbaramente o convento, que o povo estimava, como diremos adiante.
O tal comprador destruiu inclusivamente as sepulturas do claustro e a formosa capela do Capitulo, etc.
Para escapar à morte fez uma escriptura de composição com o povo, mas, não obstante isso, foi assassinado á traição por mandato de um seu inimigo, com quem andava em demanda, - segundo consta.
Do venerando convento, fundado em 1408 e que, por consequência, já contava 426 annos, apenas restam algumas cellas e parte da cosinha para uso do proprietario e dos seus caseiros. A egreja e a sacristia estão bem conservadas. “ (…)
In "Portugal Antigo e Moderno - Diccionario..." de Augusto de Pinho Leal, continuado por Pedro Augusto Ferreira - Lisboa 1890
A igreja de São Francisco do Monte guarda um precioso relógio datado de 1478, atribuído ao frade João da Comenda [
ligação] que terá construído mais de uma dúzia de relógio de torre. João da Comenda foi um frade leigo, natural de S. Pedro do Sul, viveu no convento e é referenciado como o primeiro relojoeiro português. Terá aprendido a arte calcular diâmetros de rodas, número de dentes, sistemas de pesos e contrapesos, para fazer os mecanismos da relojoaria, em França ou Itália. Os franciscanos eram reconhecidos como grandes viajantes. O relógio esteve parado, a apodrecer cerca de meio século, mas foi restaurado em 2005 por Romão da Costa Pereira, um relojoeiro da freguesia que o fez voltar a funcionar. Agora não cumpre a função de "bater as horas" mas é um mecanismo destinado a ser admirado.
Para saber mais poderá ler: " Memórias do extinto Mosteiro de S. Francisco do Monte de Orgens (Viseu)" do Dr. Alexandre Alves [
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