"Procissão das forneiras"
“No dia 14 de Agosto realizava-se em Viseu uma procissão, com a presença do senado da câmara, cabido e clero que antecedia “um certo número de meninas vestidas decentemente, e levando cada uma na mão a insígnia de uma pá muito composta e enfeitada. Era a procissão vulgarmente chamada das forneiras, que alludia áquela façanha de Brites d’Almeida, de Aljubarrota, que matara sete castelhanos depois d’aquella sempre memoravel batalha, que firmou a independência portugueza e a corôa ao senhor D. João I.”
A procissão deixou de fazer entre 1580 e 1640, enquanto reinaram os reis de Espanha, recuperada a independência, em 1641 pela vontade do povo e determinação régia de D. João IV, escrita em Lisboa e datada de 14 de Junho de 1641, a solenidade voltou a realizar-se. “D. João por graça de Deus Rei de Portugal…. etc. Faço saber a vós corrigidor da comarca da cidade de Vizeu, que porquanto se costumava fazer nestes reinos procissão em véspera de Santa Maria d’Agosto, no fazimento de graça da victoria, que o Senhor Rei D. João primeiro de boa memoria alcançou o campo de Aljubarrota contra El-Rei D. João primeiro de Castella, e convir que se continue com a dita procissão; Hei por bem e vos Mando ordeneis que assim se faça e continue a dita procissão, assi nessa cidade, como nos lugares da Comarca della, onde se costumava fazer; o que assi cumprireis (….)”
Segundo Berardo citado por Pedro Augusto Ferreira (1) - “Tão patriótica solemnidade extingiu-se e de todo se esqueceu desde 1834 – ‘por incúria (talvez culposa) da geração actual, que se ufana muito não se de que’ – dizia o mesmo sabio cónego, apesar de ser pronunciadamente liberal?!”
1 -“Portugal Antigo e Moderno – Diccionario….” De Augusto de Pinho Leal e continuado por Pedro Augusto Ferreira, Livraria Editora de Tavares & Irmão, Lisboa 1890, citando José de Oliveira Berardo, “Liberal”, nº 3 de 15 de Maio de 1857