CANTO VI
61
«Mastigam os cavalos, escumando,
Os áureos freios, com feroz sembrante;
Estava o Sol nas armas rutilando,
Como em cristal ou rígido diamante;
Mas enxerga-se, num e noutro bando,
Partido desigual e dissonante
Dos onze contra os doze; quando a gente
Começa a alvoroçar-se geralmente.
62
«Viram todos o rosto aonde havia
A causa principal do reboliço:
Eis entra um cavaleiro, que trazia
Armas, cavalo, ao bélico serviço;
Ao Rei e às damas fala e logo se ia
Pera os onze, que este era o grão Magriço;
Abraça os companheiros, como amigos
A quem não falta, certo nos perigos.
Luís Vaz de Camões nos "Os Lusíadas", referindo-se a Álvaro Gonçalves Coutinho, o "Magriço"
(c.1383 - 1445), um dos "Doze de Inglaterra".
Estátua do "Magriço" na EN229 em Penedono onde segundo a tradição terá nascido o "Magriço"