Escudo de fantasia em cartela de conchados, encimado por coronel de nobreza.
Esquartelado: I e IV - Albuquerque. II - Amaral. III - Cardoso.
(MATTOS, Armando de - "O Tombo Heráldico de Viseu", Gaia, Oficinas da Sociedade Editorial Pátria - Lda, 1932, p.14 )
A “Casa do Arco” ou “Solar dos Albuquerques” localizada na Avenida
Emídio Navarro, encostada à “Porta dos Cavaleiros”, foi mandada
construir por D. João do Amaral Coelho, Capitão-Mor de Viseu, no séc.
XVII, em data posterior a 1640. A casa foi herdada pela sua filha Dª.
Eugénia do Amaral que veio a casar com D. Duarte Pacheco de Albuquerque
Cardoso de Vilhegas, Morgado do Couto de Baixo, que continuou a aumentar
e melhorar a edificação. Foi o seu filho D. Francisco de Albuquerque do
Amaral Cardoso e Vilhegas quem deu ao imóvel a feição final que não
sendo merecedora de menção especial é elegante, nas suas linhas sóbrias,
com um bonito portal encimado com o brasão dos Albuquerques do Amaral
Cardoso e várias janelas de moldura e avental.
A casa foi residência dos “Albuquerques”, os fidalgos do Arco, até ao
final do séc. XIX. Em Agosto de 1882 hospedou o rei D. Luís e a rainha
D. Maria Pia, o senhor do palacete António de Albuquerque Amaral
Cardoso (1834/1911) que era um fervoroso “miguelista” ausentou-se para
não ter de receber a família real e foi substituído pelo seu irmão
Fernando Albuquerque que fez as honras da casa.
O solar ficou célebre pelas festas que ali aconteceram, pelo luxo e
fausto que os seus donos gostavam de ostentar. A família começou a viver
tempos difíceis, o último proprietário D. António de Albuquerque do
Amaral Cardoso (1886/1923) foi um esbanjador, viciado no jogo e ficou
conhecido por ser o autor de um livro considerado escandaloso - “O
Marquês da Bacalhoa” [ligação], publicado em 1908 que ridicularizava a família
real e a monarquia.
A propriedade foi hipotecada e vendida em hasta publica, em 5 de Outubro
de 1886, para pagamento de dívidas de jogo. Em 2 de Agosto de 1887 foi
comprada pelo Estado para instalar vários serviços públicos e a Escola
Prática de Agricultura. Da construção original nada resta além da
fachada brasonada, a imponente escadaria, e vários painéis de azulejos. A
Escola Industrial e Comercial de Viseu, actual Escola Secundária
Emídio Navarro, ocupou o edifício que foi mais tarde adaptado para
ginásios e refeitório. Recentemente a construção foi remodelada para
receber, entre outros serviços a biblioteca e o museu.
A ligação da “Casa do Arco” e da vizinha “Fonte de S. Francisco” ao
romance “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco, publicado em 1862,
é uma fantasia, uma liberdade do romancista. O cinema, mais
recentemente pela mão de Manoel de Oliveira, reforçou a “lenda” ao usar
os locais como cenário para o seu filme homónimo (1978).