Este ano estou confuso, e deve haver muitos mais, qual será a entidade organizadora da feira anual de Viseu - A EXPOVIS ou o Município de Viseu ? Quem anunciou a abertura de um "Novo Ciclo", para a feira foi o presidente da câmara municipal, Dr. Almeida Henriques. Dias mais tarde revelou que iria ser retomada a "tradição do Dia de Viriato", 85 anos depois da sua criação e 80 anos depois da última realização, que se conhece. Acho no mínimo estranho que um evento que foi efémero, apenas se terá realizado em 6 dos 503 anos de existência de uma feira em Viseu, com São Mateus como patrono, seja considerado "uma tradição". Entre 1929 e 1934 as receitas das bilheteiras no "Dia de Viriato, eram destinadas à angariação de fundos para erigir um monumento ao heróico chefe dos aguerridos lusitanos. A ideia germinara na cabeça do Dr. José Coelho, arqueólogo e vereador que oficialmente e pela primeira vez em 1914, a apresentou à câmara municipal e apenas foi concretizada em 16 de Setembro de 1940, graças ao empenho do Capitão Almeida Moreira que não chegou a ver o fruto do seu labor, porque faleceu em 18 de Dezembro de 1939. Portanto a tradição do "Dia de Viriato" é uma "falácia", a "tradição" que ficou e não parou de crescer, foi a dos dias com entradas pagas. Do pagamento da entrada somente num Domingo, o dia 22 de Setembro de 1929, a "favor do Viriato", a "Feira Franca de São Mateus" passou em 1934 a contar três domingos pagos. Por esses anos a feira iniciava-se nos primeiros dias de Setembro e terminava sempre no dia 30 (1929 de 10 a 30 de Setembro, 1930 idem, 1931 (?) de 5 a 30 de Setembro). No dia 15 de Setembro de 1511 foi realizada uma feira fora do reduto da Cava, a pedido dos viseenses que dirigiram um pedido ao rei D. Manuel I que concordou e marcou a data e duração da feira - 15 a 30 de Setembro, com três dias francos: 20 dia anterior à festa de São Mateus, 21 dia do Patrono e dia 22 o dia seguinte, Naturalmente o dia 21 de Setembro - Dia de São Mateus, fez sempre parte do calendário da feira, seria impensável que tal não sucedesse. O facto da feira deste ano terminar no dia 14 de Setembro quebra uma tradição, com mais de meio milénio de existência e muitos viseenses calam a sua revolta, quando deveriam tal como Viriato "rebelar-se" contra quem chega e faz tábua rasa do passado, em favor duma "modernidade" duvidosa. Voltando ao "Dia de Viriato", entendo que se tencionam retomar esse acontecimento, o deveriam fazer em 16 de Setembro a data da inauguração do Monumento a Viriato", do escultor espanhol Mariano de Benliure, mas nesse dia também já não haverá feira este ano nem nos próximos anos, pelo menos enquanto o Dr. Fernando Ruas não regressar à câmara! Se teimarem em continuar com a realização do "Dia de Viriato" em Agosto, tomo a liberdade de apresentar a seguinte proposta. A receita da bilheteira deverá reverter para um "fundo" destinado a efectuar a limpeza do "Lago ou Poço da Cava", a retirar todas as lages de granito, colocadas sobre o passadiço da antiga fortaleza e todas a escadarias, a instalar iluminação que ilumine de verdade e possa resistir melhor aos actos de vandalismo - no passadiço da "Cava de Viriato", na Rua dos Plátanos, na Rua dos Heróis Lusitanos, no novo arruamento que liga a Rua dos Heróis Lusitanos à Rua do Coval e na nova praça de acesso ao monumento.
Para colocar umas simples placas, junto ao Viriato a indicar onde estão localizados os novos acessos ao cimo dos taludes, o orçamento da câmara é mais do que suficiente, haja vontade!
Fonte principal; "A Feira de São Mateus em 1940 - Entre o Duplo Centenário e o Monumento a Viriato", de Luís da Silva Fernandes, in a "FEIRAEMREVISTA", Viseu 2014