EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20071122

O Viseense D. Duarte


D. Duarte escultura de Álvaro de Brée, 1955
Nasceu este infante na cidade de Vizeu a 30 de outubro de 1391 e falleceu da peste em Thomar a 9 de setembro de 1438 com cinco annos de infeliz e trabalhoso reinado. Docil e bom, economico e esclarecido, o promulgador da lei mental e o sonhador infeliz da conquista de Tanger não desmereceu e excellente educação que recebera de sua mãe D. Filipa de Lencastre, nem das glórias de seu pae, o popular mestre de Aviz. (…)
(…) Foi D. Duarte o primeiro infante portuguez que reuniu copiosa biblioteca no paço, abundando n’ella os livros de cavalleria, então muito em voga especialmente, na França e na Inglaterra, taes são o Livro de Tristão, de Merlin e o Livro de Galaad. Possuia tambem, com as viagens de Marco Polo, duas Biblias, a Diolectica de Aristoteles e de Avicena, o livro das trovas de el-rei D. Diniz, o Livro da virtuosa bemfeitoria que lhe dedicou o infante D. Pedro, as Obras de Cicero traduzidas pelo mesmo D. Pedro, o Conde Lucanor, de D. João Manoel sogro de D. Pedro I, o Livro das trovas d’el-rei D. Affonso (IV?) o Livro das suas proprias trovas, porque tambem elle foi poeta, e outras obras de historia sagrada e profana. (...)Além de algumas obras miudas escreveu D. Duarte o “Leal conselheiro” vasta encyclopedia da sciencia do seu tempo, a pedido de sua mulher D. Leonor à qual o dedicou, e a “Arte de bem cavalgar toda a sella” que é um trabalho de equitação moldado pelo Livro de montaria por seu pae. D’estas duas obras publicou J. I. Roquette uma edição com notas de 1842 em Paris, e outra sahiu a lume em Lisboa em 1844 na typographia Rolland, sendo esta mais completa por comprehender o cap. 4º que falta na primeira.Bem mereceu pois D. Duarte o título que lhe deram, de eloquente.
J. Simões Dias, no “Album de Vizeu” - Almanaque com textos de diversas colaboradoras e colaboradores, à volta de Viseu, de viseenses ilustres e ainda pequenos contos, prosas e versos de motivos vários (recolha e organização de Camillo Castelo Branco ?). Typographia Universal, Rua do Almada, 347, Porto – 1884