EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.
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20160116

Armas de D. Miguel da Silva




Escudo com o Leão dos Silva sob galero eclesiástico de onde pendem 12 borlas

O Bispo de Viseu D. Miguel da Silva [ligação], depois Cardeal em Roma, foi o grande protector de Vasco Fernandes, pintor viseense conhecido por "Grão Vasco". A aversão que o rei D. João III teve pelo grande humanista também se deveu à sua oposição à instalação da "Santa Inquisição" em Portugal. Nas imagens as armas de D. Miguel da Silva (Évora, c. 1480 - Roma, 5 de Junho de 1556) na abóbada do claustro que mandou construir na Sé Catedral de Viseu, com desenho do arquitecto italiano Francisco de Cremona.

20151117

"A Janela do Cardeal"




No século XVI um cardeal português poderia ter-se sentado em Roma na cadeira de São Pedro. Esse homem que contou com a firme oposição de D. João III, foi D. Miguel da Silva, Bispo de Viseu. Nascido em Évora mês de Agosto de 1480, estudou nas universidades de Paris, Siena e Bolonha tendo sido sempre um aluno distinto.
Em 1513 o rei D. Manuel I resolveu nomeá-lo embaixador junto de Leão X, cargo que desempenhou com muito mérito. Porém depois do falecimento do “Venturoso”, o seu filho D. João III que não reconhecia as suas inegáveis qualidades e não aceitava que o seu primo fosse cardeal, ultrapassando um príncipe da casa real, tratou de o desconsiderar.
A Leão X sucedeu Adriano VI, a Adriano VI sucedeu Clemente VII, o Cardeal Júlio Médici, coroado a 6 de Novembro de 1523, um grande amigo de D. Miguel da Silva.
D. Miguel ciente da má vontade real voltou a recusar a púrpura cardinalícia, tal como tinha acontecido com Leão X e foi obrigado a regressar ao reino, deixando desgostoso Clemente VII que, por várias vezes, instou o rei para que reconsiderasse. Regressado a Portugal recebeu várias honrarias e foi nomeado bispo de Viseu, no final de 1525 ou início de 1526. Porém continuava descontente porque Lisboa e a corte portuguesa eram muito tacanhas para um homem inteligente, um Humanista muito culto e habituado ao convívio com grandes figuras das letras e das artes europeias. Estribado em invejas e intrigas o rei preparava-se para o mandar prender. Para evitar ser encerrado numa torre e certamente ser processado pela Inquisição foi obrigado a fugir para Roma, em 22 de Julho de 1540, onde foi muito bem acolhido. Em retaliação Portugal ameaçou romper relações diplomáticas com a Santa Sé e acusou D. Miguel da Silva de traição e roubo de segredos de Estado. Por decisão régia de 23 de Janeiro de 1542, perdeu a nacionalidade portuguesa e teve os bens confiscados.
Paulo III ignorando as pressões da coroa portuguesa apoiou D. Miguel e de tal modo que em 31 de Agosto de 1542 o encarregou de uma melindrosa e importantíssima missão diplomática - reconciliar Carlos V que estava em guerra com Francisco I, Rei de França. Esta disputa era um grande obstáculo à realização do Concílio de Trento. Paulo III faleceu em 23 de Março de 1555 e D. Miguel da Silva participou na eleição de dois Papas - Marcelo II (9 Abril) e Paulo IV (23 Maio). Entre os dia 15 de Maio e 23 de Maio de 1555, o "Cardeal Viseu", como decano do Sacro Colégio, foi o chefe da Igreja Católica, sede vacante.
Impedido de regressar a Portugal morreu doente e desgostoso, no dia 5 de Junho de 1556, com 76 anos de idade, no palácio de São Calixto e foi sepultado na Basílica de Santa Maria de Trastevere [ligação].

Em Viseu D. Miguel da Silva teve a iniciativa de mandar reconstruir e ampliar o Paço Episcopal do Fontelo, arranjar a Quinta e a Mata, edificar o Claustro Renascentista de Viseu e o Coro Alto da Sé mas sobretudo foi protector de Vasco Fernandes – O Grão Vasco, a quem encomendou vários quadros. No “Museu Grão Vasco” é possível ver dois retratos do Cardeal de Viseu: um deles será o rosto de São Pedro, pintado por Vasco Fernandes e o outro de Lázaro que figura no quadro “Cristo em Casa de Marta e Maria”, atribuído ao seu colaborador Gaspar Vaz.

Foram estes os factos que Luís Miguel Novais usou para escrever o seu primeiro romance histórico – “A Janela do Cardeal” que a Editora Planeta, Lisboa, publicou em Junho de 2010 [ligação].

20130311

Postais Antigos de Viseu # 48


"Viseu - Portugal - Claustro da Sé (Outro aspecto)", Postal ilustrado, não circulado mas datável dos primeiros anos da década de 1920 [saber+]

20120130

O Claustro da Sé de Viseu



O Claustro da Sé Catedral de Viseu ocupa o espaço ocupado sucessivamente pelo alcácer régio, pela habitação de São Teotónio e o claustro trecentista de João de Lamego. Construído entre 1528 e 1534 é obra do arquitecto toscano Francesco de Cremona, ao serviço do bispo de Viseu e mais tarde cardeal em Roma, D. Miguel da Silva [Saber+].

20120113

O Claustro da Sé de Viseu



O claustro da “Sé Catedral de Santa Maria de Viseu” [saber +] ocupa parcialmente o espaço dos demolidos alcácer real e claustro gótico trecentista de João de Lamego.
Edificado, entre 1528 e 1534, por iniciativa de D. Miguel da Silva o bispo de Viseu que foi cardeal em Roma [saber +], segundo o desenho de Francesco da Cremona, arquitecto italiano, oriundo da Toscana que acompanhou D. Miguel quando foi forçado a regressar a Portugal, por exigência de D. João III e se tornou o seu arquitecto privativo.
O claustro é considerado uma obra prima da arquitectura do renascimento português e o precursor da afirmação do estilo no nosso país.
Dagoberto Markl afirma “ser um belíssimo claustro de arcarias assentes em elegantíssimas colunas jónicas romanas”; e Rafael Moreira classifica-a “uma das obras-primas da arquitectura do renascimento português”, inspirado no “famoso cortile do palácio ducal de Urbino, construído por L. Laurana e Francesco di Giorgio Martini cerca de 1470.”
Quadrangular, cada lado tem quatro arcos de volta redonda, assentes sobre colunas jónicas estriadas verticalmente.
As abóbadas de aresta são de tijolo rebocado, decoradas com oito bocetes circulares em pedra de Ançã, policromados que representam alternadamente o leão dos Silvas, com a mitra ou sob o chapéu de borlas episcopal [saber +].

Fonte: ALVES, Alexandre, “A Sé Catedral de Santa Maria de Viseu”, Câmara Municipal de Viseu, Santa Casa Misericórdia de Viseu, Grupo Amigos Museu Grão Vasco, 1ª edição, Viseu, 1995

"Arte Portuguesa" de Paulo Pereira



D. Miguel da Silva:
Um mecenas do Renascimento (1525-1540)

D. Miguel da Silva (…), fazia parte do círculos intelectuais de Roma, para onde foi em 1515 como primeiro embaixador de D. Manuel junto da corte papal de Leão X, tendo aí convivido com primeiras figuras do humanismo, tais como Baldassare Catigliohne – que, inclusivamente, lhe dedicara o livro fundamental para a cultura renascentista que é Il perfeito cortegiano (Veneza, 1528).
Conhece diversos artistas de vanguarda, entre os quais Rafael e Ticiano e frequentará os cenáculos dos Médici e dos Farneses. (…)
Foi D. João III quem, ao chamá-lo propositadamente de volta a Portugal, o impediria de ascender então à dignidade cardinalícia, sendo feito depois, porém bispo de Viseu.(…)
Começou por assumir o privilégio de possuir arquitecto privativo, de origem italiana, de seu nome Francisco de Cremona (…).
Se a morada predilecta de D. Miguel, o Paço do Fontelo (perto de Viseu), possuía um jardim renascentista à italiana, a sua intervenção de maior alcance haveria de ser a que levaria a cabo na Sé de Viseu, nela trabalhando o arquitecto cremonense: trata-se do claustro, de características bem “romanas”, inspirado no cortile do Palácio Ducal de Urbino, lugar considerado modelar. A sua edificação decorreu entre 1529 e 1534, aproximadamente, e a sua tipologia renascentista advoga um novo tipo de partido estético (…) Os fustes estriados e os capitéis com volutas e flores, bem como o equilíbrio eurítmico do conjunto, denunciam uma das mais consequentes experiências classicizantes realizadas entre nós.(…)

Paulo Pereira in “Arte Portuguesa – História Essencial”, Circulo de Leitores e Temas e Debates, 1ª edição Junho de 2011

20100820

Museu da Catedral de Viseu



O Museu de Arte Sacra criado em 21 de Janeiro de 1932, mais conhecido por Tesouro da Sé, possui uma colecção de obras de arte sacra pertencentes à Catedral de Santa Maria de Viseu onde está instalado. Recentemente o museu recebeu obras de requalificação que melhoraram imenso as condições expositivas. Agora merece, ainda mais, uma demorada visita.

Ilustração - Pormenor da Custódia em prata dourada de D. Miguel da Silva, século XVI

20080418

"O seguro morreu de velho"...



Foto (de arquivo) obtida há poucos dias junto da Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva

20070512

O Claustro da Sé de Viseu



(...)"O claustro da Sé de Viseu, um dos mais valiosos testemunhos da introdução do renascimento italiano em Portugal, é um dos emblemas mais importantes, para a cidade de Viseu, do que foi o erudito e ambicioso projecto artístico do bispo-humanista, D. Miguel da Silva (1525-1540), na sede do seu bispado. Graças ao ímpeto renovador deste prelado, a cidade transforma-se no cenário de eleição para práticas artísticas de vanguarda e vive um dos momentos mais brilhantes da sua história. A reforma promovida na Sé, não apenas do espaço e das linguagens da arquitectura, mas também dos necessários objectos e suportes figurativos para práticas litúrgicas, a ampliação da quinta episcopal de Fontelo, bem como a reedificação do paço e a construção de deslumbrantes jardins em terraço, com fontes e passareiras, pontuam nesse ambicioso projecto.
À data da eleição de D. Miguel da Silva, em 1525, a velha Catedral, que havia sido renovada poucos anos antes com uma exuberante fachada manuelina (descrita em 1630, escassos anos antes da derrocada), mantinha o claustro trecentista gótico. A construção do actual em linguagem renascentista, o que implicou a demolição daquele, assim como o entaipamento de capelas, portais e arcossólios dos muros (hoje de novo a descoberto), é o melhor indicador do gosto que este magnífico prelado pôde adquirir e amadurecer na cidade eterna, ao tempo em que desempenhava as funções de embaixador do Rei junto da Cúria Romana." (...)
Dalila Rodrigues in "IPV.pt"