EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20120113

"Arte Portuguesa" de Paulo Pereira



D. Miguel da Silva:
Um mecenas do Renascimento (1525-1540)

D. Miguel da Silva (…), fazia parte do círculos intelectuais de Roma, para onde foi em 1515 como primeiro embaixador de D. Manuel junto da corte papal de Leão X, tendo aí convivido com primeiras figuras do humanismo, tais como Baldassare Catigliohne – que, inclusivamente, lhe dedicara o livro fundamental para a cultura renascentista que é Il perfeito cortegiano (Veneza, 1528).
Conhece diversos artistas de vanguarda, entre os quais Rafael e Ticiano e frequentará os cenáculos dos Médici e dos Farneses. (…)
Foi D. João III quem, ao chamá-lo propositadamente de volta a Portugal, o impediria de ascender então à dignidade cardinalícia, sendo feito depois, porém bispo de Viseu.(…)
Começou por assumir o privilégio de possuir arquitecto privativo, de origem italiana, de seu nome Francisco de Cremona (…).
Se a morada predilecta de D. Miguel, o Paço do Fontelo (perto de Viseu), possuía um jardim renascentista à italiana, a sua intervenção de maior alcance haveria de ser a que levaria a cabo na Sé de Viseu, nela trabalhando o arquitecto cremonense: trata-se do claustro, de características bem “romanas”, inspirado no cortile do Palácio Ducal de Urbino, lugar considerado modelar. A sua edificação decorreu entre 1529 e 1534, aproximadamente, e a sua tipologia renascentista advoga um novo tipo de partido estético (…) Os fustes estriados e os capitéis com volutas e flores, bem como o equilíbrio eurítmico do conjunto, denunciam uma das mais consequentes experiências classicizantes realizadas entre nós.(…)

Paulo Pereira in “Arte Portuguesa – História Essencial”, Circulo de Leitores e Temas e Debates, 1ª edição Junho de 2011