EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


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20161021

Antigo Hospital de São Teotónio


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"Vizeu - Hospital Civil", Bilhete Postal Ilustrado, Tabacaria Costa - Vizeu, Não circulado, Década de 1920

O antigo Hospital de São Teotónio foi construído para substituir o Hospital das Chagas, instituído no século XVI que se tornara pequeno. A primeira pedra do “Hospital Novo” da Santa Casa de Misericórdia de Viseu, a partir de 1963 conhecido como “Hospital de São Teotónio”, foi lançada em 29 de Março de 1793, pelo bispo de Viseu, D. Francisco Moreira Pereira de Azevedo. O projecto inicial terá sido do arquitecto portuense Teodoro de Sousa Maldonado, após o seu falecimento (1799) a obra passou a ser dirigida pelo arquitecto Manuel Alves Macamboa, com quem trabalharam os mestres Jacinto de Matos (pedreiro e cantaria) e Manuel Ribeiro (madeira, carpintaria e ferragens). O edifício ao gosto neoclássico tem a fachada principal, dotada de frontispício, onde se abre um portal e uma grande janela com sacada, com balaústres de granito. As 8 janelas do andar térreo são encimadas por uma espécie de cornija, as do andar superior possuem pequenos frontões circulares. A planta é rectangular com o centro ocupado por um elegante claustro, com 26 arcos e quatro portas. O portão de ferro, com as armas policromadas da Santa Casa da Misericórdia de Viseu, data de 1842 o ano em que o hospital, apesar de não estar concluído, recebeu os primeiros doentes. No frontão triangular, com as armas do reino muito bem trabalhadas e ornamentadas, foram em 1830 colocadas 3 figuras femininas, em representação das virtudes teologais da Fé, com uma cruz na mão esquerda, levantando um cálice na mão direita e os olhos vendados (à esquerda), da Caridade, segurando ao colo, com o braço esquerdo uma criança pequena e conduzindo outra criança de mais idade, com o braço direito (ao centro) e da Esperança, com o braço direito levantado e o esquerdo apoiado numa âncora (à direita).
Apesar de 1799 a rainha D. Maria I, ter obrigado todos os concelhos do distrito a contribuir para a construção, as obras duraram mais de 49 anos, por vicissitudes várias, ora escassez de dinheiro, ou em consequência da Guerra Peninsular (Invasões Francesas) e ainda das guerras civis (Absolutistas/Liberais) que se seguiram. Para vencer o acentuado desnível do terreiro fronteiro (São Martinho) foi em 1876, construída uma ampla escadaria semicircular.
O hospital foi transferido em 1997 para instalações do Ministério da Saúde, construídas de raiz, nas proximidades de Ranhados. O edifício antigo ficou devoluto até ter sido arrendado, por 30 anos, a um grupo do ramo hoteleiro que em 2007 deu início a grandes obras, para criar uma luxuosa pousada que viria a abrir portas em 2009.