A nossa airosa cidade
Na super-fatalidade
Dos transporte em carris,
É, sem favor, com certeza,
A região portuguesa
Ferrugenta e infeliz!...
(...)
Os horários com H
É coisa que aqui não há,
Pois as pobres maquinetas
Velhinhas, tristes, cansadas,
Bufam todas esfalfadas
As sua queixas jarretas!...
Os bancos de pau de pinho
Tratam com pouco carinho
As almofadas... traseiras...
Acho que só cabem culpas
A quem, por ordens estultas
Fez "segundas" das "terceiras"!
Quando não pára ou desanda,
Às vezes, finge que anda
Mas dá pulos de cabrito!
O muito esforço que faz
Não deixa ninguém em paz
Co'as estridências do apito!
(...)
São tão pouco sedutoras
As mini-automotoras
Que quem nelas viajar
Aos pulos, saracoteios,
Conhece todos os meios
De deitar, a carga ao mar!...
P'ra brinquedo de arraial!
Mas festas de Portugal!
Talvez tenha utilidade...
E passaria um tormento
A ser um divertimento
De imensa hilariedade!...
Na era dos foguetões
Temos todas as razões
Para mostrar nossa dor
De se manter a rotina
Dos transportes cá p'ra cima
Com esguichos de vapor!!!
"Retalhos dos Meus Trabalhos" de Adelino Azevedo Pinto (Rijo), Viseu 1985
Enquanto esperamos pelo novo comboio, é bom recordar as ronçeiras locomotivas a vapor e as desconfortáveis carruagens que foram substituídas pelas balouçantes automotoras e mais tarde, depois de encerradas as linhas do Vale do Dão e do Vouga, pelos autocarros que também acabaram por levar sumiço.
Enquanto esperamos pelo novo comboio, é bom recordar as ronçeiras locomotivas a vapor e as desconfortáveis carruagens que foram substituídas pelas balouçantes automotoras e mais tarde, depois de encerradas as linhas do Vale do Dão e do Vouga, pelos autocarros que também acabaram por levar sumiço.