As imagens começam por mostrar a escadaria de granito, anteriormente existia uma simples rampa que permitia o acesso ao cimo do talude da "Cava dos Plátanos", a todos mas sem correrem o risco de tropeçar ou escorregar nos degraus de granito. Também é possível ver que o “Lago da Cava”, vestígio do fosso que ainda tem água durante grande parte do ano, transbordou para a Quinta da Machada e ainda outras “curiosidades”.
No último Verão a arqueóloga Margarida Tente, da Universidade Nova de Lisboa, executou uma sondagem num lameiro que cheio de água fez parte do fosso de proteção da "Cava de Viriato" e já produziu milho de melhor qualidade de Viseu. Era intenção da investigadora procurar "matéria orgânica" que permitisse datar a fortaleza que era constituída por oito espessas paredes de terra batida e quatro portas assentes sobre ombreiras de pedra. Mas as expectativas terão sido goradas “por problemas químicos associados [às amostras) da matéria orgânica”. Não fiquei desiludido porque estava convicto que a abordagem escolhida era desadequada. Quem andou à procura de um templo dos primeiros séculos da cristandade, no adro da Igreja de São Miguel do Fetal, ignorando que naturalmente as diversas construções, pelo menos três, foram ocupando sempre o mesmo espaço físico, embora variando nas dimensões e certamente reaproveitando materiais das anteriores, não me parece merecer grande credibilidade.
Baldados os intentos Catarina Tente desafiou a autarquia a criar condições para que os arqueólogos possam “estudar fisicamente” os terrenos (38 hectares, em grande parte ocupados por parcelas de dimensão muito variada de terrenos agrícolas e habitações. Naturalmente os proprietários e os moradores que há poucos anos viram escavadoras na "Cava de Viriato" e o ano passado, voltaram a ver outra vez uma máquina no mesmo lameiro, não desejam assistir ao esventrar das suas terras que durante séculos apenas conheceram arados, charruas, enxadas e sobretudo lembram-se ou ouviram dizer que vários arqueólogos já estudaram, sem grandes resultados, o interior do monumento.
A investigadora apresenta uma nova tese para a existência da cava, contrariando as hipóteses de ser uma edificação romana, ou árabe e aponta a hipótese de ter sido, no séc. X dada a importância da cidade de Viseu nesse tempo – “um projeto de uma cidade ‘por causa da ideia de cidade ideal’ que terá falhado”, talvez por motivos de alteração política ou por o local ser demasiado húmido!
Não é fácil perceber porque motivo se buscam explicações esotéricas quando a tese da “Cerca da Vala” (designação medieval) e “Cava de Viriato” (designação seiscentista que perdura) ser “apenas” uma cidade acampamento com origem árabe, do tempo da invasão árabe por Almançor – “O Vitorioso” (939–1002), cuja utilidade foi pouco prolongada, continua a ser aquela que melhor explica a existência de uma edificação tão grandiosa, com dois quilómetros de perímetro e capaz de acolher muitos milhares de guerreiros e toda a logística que os acompanhava.