A HISTÓRIA E O MITO
Não é difícil colar a imaginação à História. Se essa mesma imaginação estiver imbuída de uma intenção clara e propositada, então acaba por ser assimilada como verdade histórica. Foi o que aconteceu com o monumento conhecido como “Cava de Viriato” que apenas começou assim a ser denominada a partir do séc. XVI. Era uma época em que havia uma necessidade enorme de afirmação da identidade nacional que veio a ser consubstanciada anos mais tarde com a Restauração. Os heróis da Restauração foram comparados aos Lusitanos e ao seu mítico chefe é então atribuído o maior monumento de Portugal.
Até então este monumento era referenciado como “cava” tendo havido ao longo da história dezenas de autores que lhe fizeram referência. As interpretações foram as mais variadas, desde circo a grande curral, havendo, no entanto, unanimidade em conferir-lhe a função de acampamento militar da época romana.
Hoje, fruto das investigações que têm sido efectuadas nos últimos anos, podemos afirmar com alguma certeza que a Cava de Viriato deve corresponder a uma cidade-acampamento de época islâmica, seja da conquista do séc. VIII ou do período de Almansor.
Se até aqui a importância deste monumento era por ser um dos poucos acampamentos romanos do país, agora, como cidade-acampamento islâmica, a Cava de Viriato assume um relevo acrescido, não havendo paralelo tão bem conservado conhecido no resto da Europa.
Informação existente na placa colocada junto ao "Monumento a Viriato" da responsabilidade da "ArqueHoje, Lda." (2010), empresa que acompanhou os trabalhos de "requalificação paisagística", segundo projecto da autoria do Arquitecto Gonçalo Byrne, finalizados em 2009.
Texto publicado em 20 de Março de 2010, cujas fotos foram "embargadas" por energúmenos.
Texto publicado em 20 de Março de 2010, cujas fotos foram "embargadas" por energúmenos.