A Nossa Senhora da Silveira, do Pedrogal ou da Silva foi assim chamada porque quando os mouros invadiram as Hespanhas e depois de terem levado de vencida os reinos cristãos se encaminhavam para Viseu, onde a imagem era objecto de grande veneração e temendo-se a sua destruição, foi escondida numa pedreira e coberta por um monte de cascalho. Passaram muitos anos e o local cobriu-se de silvas. Viseu foi definitivamente reconquistada por Fernando Magno no dia 25 de Julho de 1058 e a imagem pode ser recuperada. A grande devoção e fama de milagreira não se limitava apenas à cidade e ia até mais longe. Os moradores do concelho de Azurara, actualmente Mangualde, vinham todos os anos no dia 11 de Junho, dia de São Barnabé, em procissão com as cruzes de todas as paróquias. Participava na procissão, pelo menos uma pessoa de cada família mais os membros da câmara municipal. No mesmo dia também vinham as gentes da freguesia de Lourosa e de Vila Chã, agradecer “os infinitos milagres”.
“(…) No anno de mil seiscentos e noventa e cinco – 1695 – ouve nesta cidade huma constituição de febres malignas, tão perniciosas, que na casa onde davão, adoecião todos e muntos morrião; foi Deos servido de applacar este contagio e sem duvida por intercessão desta Senhora; passarão alguns meses, que serião cinco ou seis, quando novamente começarão outra vez as doenças na cidade e com mayor rigor e aperto que na passada ocasião: nesta aflição, que foi Julho de mil seiscentos e noventa e seis – 1696 – resolveo o Ilustrissimo Dom Hieronimo Soares, com o seu Cabbido, que se fizesse a esta Senhora huma novena de preces e para mais a obrigarem a levassem em procissão pelas ruas da cidade, antes de se dar principio à novena, contra o estillo comum, pois se costumão fazer no último dia. Foi este dia tão alegre (…) e a vesita que a Senhora fez aos enfermos foi tão eficax que se podia affirmar que immediatamente melhorarão todos, porque daquela hora por diante não adoeceo mais pessoa alguma e convalescerão tão brevemente, que nos princípios do mês de Agosto nao havia vestigios de doenças, antes muntas aclamaçoens do estupendo milagre que a Senhora havia obrado.(…)”
Fonte: Nicolão Antonio de Figueiredo (Vizeu de Setembro 29 de 1758) - “Memorias Paroquiais Setecentistas - 1 Viseu”, Viseu 2005
“(…) No anno de mil seiscentos e noventa e cinco – 1695 – ouve nesta cidade huma constituição de febres malignas, tão perniciosas, que na casa onde davão, adoecião todos e muntos morrião; foi Deos servido de applacar este contagio e sem duvida por intercessão desta Senhora; passarão alguns meses, que serião cinco ou seis, quando novamente começarão outra vez as doenças na cidade e com mayor rigor e aperto que na passada ocasião: nesta aflição, que foi Julho de mil seiscentos e noventa e seis – 1696 – resolveo o Ilustrissimo Dom Hieronimo Soares, com o seu Cabbido, que se fizesse a esta Senhora huma novena de preces e para mais a obrigarem a levassem em procissão pelas ruas da cidade, antes de se dar principio à novena, contra o estillo comum, pois se costumão fazer no último dia. Foi este dia tão alegre (…) e a vesita que a Senhora fez aos enfermos foi tão eficax que se podia affirmar que immediatamente melhorarão todos, porque daquela hora por diante não adoeceo mais pessoa alguma e convalescerão tão brevemente, que nos princípios do mês de Agosto nao havia vestigios de doenças, antes muntas aclamaçoens do estupendo milagre que a Senhora havia obrado.(…)”
Fonte: Nicolão Antonio de Figueiredo (Vizeu de Setembro 29 de 1758) - “Memorias Paroquiais Setecentistas - 1 Viseu”, Viseu 2005
A Nossa Senhora do Altar-Mor, a padroeira da Sé segundo Vergílio Correia é “(…) uma, das mais belas estátuas góticas existentes em Portugal (…)”. A miraculosa imagem tem sete palmos de altura e o Menino Jesus no braço esquerdo, apoiado sobre o ombro, sendo também conhecida por Nossa Senhora da Silva, da Silveira ou do Pedrogal.
“(…) Por ocasião de calamidades, como surtos de epidemias, maus anos agrícolas, a paz entre as nações ameaçada, era a pesada imagem da Senhora descida do trono e levada em procissão pelas ruas da cidade, por entre súplicas ardentes do povo ansioso.(…)”
“(…) Esculpida em calcáreo da região de Coimbra, atribui-a Reynaldo dos Santos à segunda metade de Quatrocentos. Araão de Lacerda, pelo seu lado, situa-a com reserva no conjunto das Virgens trecentistas .(…)”
Descrição do Prof. Vergílio Correia: “Envolta num manto que lhe cobre a cabeça e desce depois aos ombros e a modela a seguir no corpo e até aos joelhos, natural no movimento da capa de panejamento nada exagerados no pregueado, essa Senhora, de rosto oval longo, fronte alta, nariz recto e lábios franzindo levemente no movimento que precede o sorriso de melancolia e misericórdia, segura sobre o braço esquerdo, um Menino que sorri francamente, apontando com o dedinho da dextra para a planta do pé direito soerguido. De calcáreo alvo e brando de Ançã, como a maioria das imagens do seu estilo, foi decerto executada em Coimbra nos meados do século XIV.”(…)
Fonte: Alexandre Alves, in “A Sé Catedral de Santa Maria de Viseu”, Viseu 1995
Portanto é fácil concluir que esta imagem não pode ser a da Senhora da Silveira a que se refere a tradição, só poderá ter sido outra de que se perdeu o rastro ou mais provável ainda que se trate de uma lenda porque a dominação de Viseu pelos árabes foi iniciada no começo do século VIII, apenas teve duas interrupções de pouco mais de meio século, entre os finais do século IX e X e prolongou-se até meados do séc. XI.