"Viriato no Recato"
Viriato, meu vizinho,
Tem vivido a um cantinho,
Nas trevas, todo humildade!
Há pouco tudo mudou,
Viva luz o inundou
Com jorros de claridade!
Resolvi entrevistá-lo,
(...)
Assim me disse o guerreiro:
(...)
Nos belos tempos, passados,
Gozei muito bons bocados
Nesta escuridão de breu...
Hoje - que grande arrelia! -
Eternizaram-me o dia,
Para mim tudo morreu!...
(...)
Com as cenas de ciúme
Vi mil faíscas de lume,
Muito raio... sem trovão!
Os malditos projectores
Espantaram-me os amores
Que com a luz não se dão!...
Vi um par de namorados
Tão juntinhos e agarrados
Que fiquei com a impressão
- Faltou-me a luz duma tocha -
Que a rapariga... era a rocha
E o rapaz... o mexilhão...
(...)
De verdade, de verdade,
Vi muita imoralidade
Daquelas de arrepiar!...
Conheço tanto segredo
Que com vergonha... e por medo,
Hei-de pr'a sempre ocultar...
Eu vi coisas, eu vi loisas,
Eu vi loisas, eu vi coisas.
Dum realismo brutal!...
Se não perdi a cabeça
Esse bem... que se agradeça
Ao ser velho... e de metal!...
Adelino Azevedo Pinto (Rijo)
"Retalhos dos Meus Trabalhos" - Viseu, Dezembro de 1985
"Retalhos dos Meus Trabalhos" - Viseu, Dezembro de 1985
Tal como havia prometido [VER] fui esta noite fotografar o "Viriato" mas tive uma surpresa muito desagradável porque o "Monumento a Viriato", estava novamente às escuras - os 3 projectores, tecnologia "led" e os restantes elementos decorativos, estavam desligados e o Viriato e os seus guerreiros mergulhados na escuridão.
Quando me retirava ouvi o seguinte comentário, vindo de um senhor que passava provavelmente com a sua esposa - "Acabou-se a festa [feira anual] e desligaram as luzes!"