Na Rua Augusta Cruz, próximo da Praça D. Duarte, existe um interessante e enigmático portal, “luxuosamente ornamentado” e encimado com um brasão eclesiástico que infelizmente está em mau estado de conservação e a ameaçar ruína. Curiosamente os motivos que decoram cada um dos pilares são totalmente diversos e não simétricos como habitualmente. Estranhamente o brasão parece possuir uma tríplice tiara, chapéu reservado aos pontífices. As armas duas chaves em X (?) são adornadas com cordões e borlas. Será obra do século XVII? e porque motivo destoa da envolvência?
No “Portugal Antigo e Moderno” de Pinho Leal, Lisboa 1890 é referido que a casa e os edifícios próximos pertenceram à família dos Abreu e Magalhães, Morgados da Santa Cristina. Nessa época o seu proprietário era o “negociante Perdigão” (José Perdigão, pai do Dr. Azeredo Perdigão, deputado na 1ª República, Presidente do Centro Federal Republicano da Beira Alta, Editor do jornal “A Beira”, Gerente do Banco Agrícola e Industrial Visiense e Presidente da Associação Comercial e Industrial de Viseu) que tinha feito muitas obras porque as casas estavam “em grande abandono e quasi em ruínas”.
Os periódicos “Liberdade”, “Districto de Viseu” e “Jornal de Viseu” eram impressos numa tipografia instalada num dos edifícios que no século XX foi propriedade de Gilberto de Carvalho (1904/1973) – jornalista, Bispo da Igreja Evangélica Baptista e amigo de Aquilino Ribeiro.
Fontes: Obra citada e “Monumentalidade Visiense” de Júlio Cruz e Jorge Braga da Costa , Edição AVIS, Viseu 2007