A Igreja de Santo António, no Largo Mouzinho de Albuquerque ("Soldado Desconhecido"), foi antiga Igreja de São Bento, do Convento do Bom Jesus, pertença dum mosteiro de freiras beneditinas fundado a partir do legado de um casal de nobres e ricos, formado pelo licenciado Belchior Lourenço Tenreiro e a sua segunda esposa Maria Queirós de Castello Branco que que não teve filhos e no ano de 1560, decidiu doar algumas casas, quintais e hortas para a construção de um convento, com a condição de nele dar entrada uma sua sobrinha. As obras terão sido iniciadas em 1569 ou no início da década seguinte, tendo sido interrompidas e retomadas em 1586, sendo bispo de Viseu D. Nuno de Noronha que em cerca de 5 anos viria a concluir os trabalhos. Em 1592 D. Nuno obteve licença do Papa e do rei para trazer religiosas do Mosteiro Santa Eufémia, de Ferreira de Aves (Sátão) para a nova casa de São bento, em Viseu. No dia 29 de Setembro, Dia de São Miguel, as religiosas que dias antes tinham chegado à cidade, foram levadas para a Sé onde o Bispo cantou missa solene. No final da missa formou-se uma procissão a caminho do novo mosteiro que terminou a com tomada de posse, como abadessa da Madre Leonor das Chagas. Mas o convento não estava finalizado e as obras iriam prosseguir por mais de um século. A actual, igreja cuja construção foi autorizada por Filipe III, por alvará datado de 30 de Março de 1626, ficou concluída em 1628. Nessa época o convento era constituído por vários edifícios, organizadas em torno de claustro rectangular. O último edifício a ser construído foi um segundo dormitório, tornado necessário para alojar mais freiras, localizado paralelamente à Rua Direita, cuja construção foi contratada em 23 de Julho de 1710. Este dormitório possuía um grande arco que possibilitava o acesso a partir da Rua Direita, ao chamado Terreiro da Freiras, espaço definido pelo convento e pela muralha da cidade que era o local onde se costumavam realizar várias festividades e jogos. O mosteiro depois da extinção das Ordens Religiosas, processo iniciado em 1820 e tornado efectivo depois de publicada a 28 de Maio de 1834, a lei da "Reforma geral eclesiástica", de iniciativa de Joaquim António de Aguiar, conhecido como o “Mata Frades” que previa o encerramento de conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer outras casas de todas as ordens religiosas. Os religiosos foram obrigados a abandonar imediatamente as suas casas, às religiosas foi concedido o direito de permanecer, até que a morte levasse a última. Em 1887 apenas existia uma freira, a abadessa D. Delfina, natural da vila da Aguieira e o convento seria extinto depois da morte da sua morte ocorrida em 1896. O mosteiro foi sofrendo profundas alterações para o adequar a novas funções, tendo já no século XX, sido totalmente demolido o dormitório setecentista. Dos edifícios originais resta apenas a igreja, construção simples de planta retangular e fachada simples rematada por frontão triangular, dotado de uma pedra de armas, tem um grande portal de verga recta que rasga a parte central, encimado por um nicho de frontão interrompido, ladeado por duas janelas de verga recta. Três cruzes rematam as pilastras laterais e a empena. A igreja tem apenas uma nave, com coro alto sobre arcos de volta perfeita, possui três retábulos de talha dourada, “rocaille” (Séc. XVII), no altar-mor obra do entalhador João Correia Monteiro, tem lugar de destaque uma imagem de Santo António. As paredes são revestidas notáveis azulejos, sendo os da capela-mor (1695-1700) da autoria do espanhol Gabriel del Barco e os da nave (1739 – 1740) representando cenas da vida de São Bento e Santa Escolástica, foram atribuídos a Policarpo de Oliveira Bernardes.
Fontes:
Jaime Ricardo Gouveia - "História da Diocese de Viseu 1820-1974", Volume 3, (3.6 A Igreja Paroquial até 1911), Diocese de Viseu, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016
João Nunes de Oliveira - "Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas", Palimage, Viseu, 2005