A época da realização da Feira de São Mateus coincidiu durante cerca de cinco séculos com o final do mês de Setembro, a época das vindimas, A Viseu com a aproximação da feira começavam a chegar carroças com numerosas famílias de etnia cigana. Tradicionalmente percorriam o país e vinham â feira anual de Viseu, realizar os seus negócios: compra e venda de burros, machos e mulas, tecidos e outros produtos de contrabando, objectos de ouro falsificados, relógios de marca "Roscofe" - contrafacções de má qualidade de bons relógios, armas ilegais ou cestos de vime e outros objectos artesanais. A feira era o local de encontro dos clãs e ocasião para combinar e realizar casamentos. Os jovens ficavam comprometidos, desde crianças, casavam quando ainda eram adolescentes e os dotes combinados pelas famílias. A virgindade da noiva era verificada pelas mulheres mais velhas e se a rapariga não estivesse "pura ", poderia ocorrer uma sessão de pancadaria. Era então chamada a Guarda Nacional Republicana que aparecia montada nos seus cavalos e impunha o desfazer do acampamento que não podia ocupar o mesmo lugar. por mais de três dias mas na época da feira as autoridades fechavam os olhos. Na actualidade já são raros os ciganos que ainda usam semoventes e carroças. Geralmente fazem-se transportar em carrinhas nas suas deslocações diárias e para a vendas nas feiras e mercados.A maioria vive em casas de bairros sociais ou em barracas espalhadas pelas sombras protectoras de pinhais. Reparem no pormenor da cadeira na carroça, em vez da tradicional tábua onde se sentavam duas ou três pessoas, esta está personalizada com uma cadeira de plástico. Tradicionalmente os cães seguiam as carroças pelos caminhos, por vezes presos com uma corrente ao eixo das rodas, esta já tem um rodado adaptado de um automóvel e pneus e não as antigas rodas de madeira com aros de ferro. O seu proprietário dedica-se à reciclagem de materiais e equipamentos vários que são abandonados ou colocados junto dos contentores do lixo ou de ecopontos.
