(...) "Quase todos os chefes escolhiam primeiro as melhores peças e as mulheres mais jovens, o resto ficava para quem conseguisse deitar-lhe a mão e eram frequentes as rixas, não só entre guerreiros como até entre comandantes. Nada disto sucedia no acampamento de Viriato. Com uma autoridade absoluta e jamais contestada, ele distribuía os despojos segundo o valor demonstrado por cada homem e para si reservava somente alguma coisa de que tivesse necessidade: uma espada, um dardo, uma túnica – por vezes, mesmo, não queria nada. Quanto às mulheres, só deixava que tocassem nas escravas e não via com bons olhos que estas fossem maltratadas"(...)
(...)"a harmonia reinava sempre entre os mil cavaleiros, para quem Viriato era não só o comandante mas também o juiz, o protector e quase um deus. Homens maduros, endurecidos por anos de guerra, obedeciam-lhe sem pensar que ele poderia ser seu filho" (...)
"A Voz dos Deuses" de João Aguiar , 13ª edição (1992), Porto, Edições Asa (1ª ed., 1984)