(...)"Não sabemos quando nem por quem foi feita a Cava – e muito provavelmente foi um dos Campos de César ou Castra Hiberna dos romanos, fundada por estes e não pelo antigos habitantes da Lusitania, pois era uma fortificação muito importante, muito luxuosa para aquelles tempos. Ella hoje apenas tem muros – grandes marachões – de terra, mas já teve portas, seteiras e revestimento parcial ou total de boa pedra. D’ali foi muita para o convento d’Orgens, em virtude do alvará de D. Affonso V, apontado supra, com data de 1460, mas ainda em 1630 a 1636 o dr. Botelho descrevendo-a dizia como testemunha ocular o seguinte: “A opinião de ser real de Nigidio fica bem refutada com a vista d’este edifício, que alem de ser huma cousa tão grande, e forte, neste mesmo muro de pedra (onde já entramos) que não foi feito ao acaso, nem para uma defesa momentanea…" (…) "Com o decorrer do tempo tem sofrido muito e já não é a sombra do que foi. Perdeu todo, absolutamente todo o seu revestimento de pedra; dos largos fossos que a circuitavam apenas resta um pequeno lanço; os seus muros são hoje apenas marachões de terra, mas ainda assim marachões grandiosos, imponentes, que despertam a atenção dos forasteiros, como já nos succedeu, quando nos abeirámos delles em 1862." (...)
José de Oliveira Berardo, citado e Pedro Augusto Ferreira in, PORTUGAL ANTIGO E MODERNO, DICCIONARIO de Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal, continuado por Pedro Augusto Ferreira, Bacharel em Theologia pela Universidade de Coimbra, cavalleiro da ordem da Nossa Senhora da Conceição de Villa Viçosa, socio effectivo da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portugueses, socio fundador da Sociedade de Instrucção do Porto e abbade de Miragaya na mesma cidade.
Lisboa, Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 5 - Largo de Camões – 6, 1890.