O que se passa na cabeça de um gato
É o que buscam os humanos, sem saber
Pois um gato, ali, suspenso, sensato
Calmo, em sossego, insiste em ser
Quem nunca viu gato olhar a parede
Em letargia, em torpor, em direção ao nada
De forma sucinta expressando uma sede
Em vir, para o Cosmo, porta e escada?
Trás um gato, em si, noturna divindade
Não de livros, sacerdotes, e pura malvadeza
Sai um gato, astuto, à noite em liberdade
Sendo esse invejado por toda a Natureza
E os homens, que se afogam na lama da vaidade
Clamam enciumados felinas paz e destreza
Gustavo Malagigi
Publicado na "Revista Usina da Cultura", nº 14, Junho de 2014