EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20080618

Cavalhadas de Vildemoinhos - 356 Anos

24 de Junho de 2008

Uma Festa Centenar

Tem mais de trezentos anos esta estranha festa, as Cavalhadas, ano a ano feita por um pequeno povo de moleiros que a inventou para com ela nos contar a sua história de trabalho, de lenda e devoção. Para no-la contar desde um tempo de princípio.
Com a “Queima do Pinheiro”, uma fogueira acesa noite fora, danças, canções, juras de amor, celebram o deus Sol, generoso e criador, que seus avós já festejavam em dias de solstício. Venerando o S. João num tempo novo, erguendo-o em triunfo em vistosa procissão ou cumprindo promessas na capela, apenas transferem para um tempo cristão uma antiga forma de cultura. No “Cortejo” que se estende estrada fora como longo pergaminho vem escrita, então, uma história milenar. Vêm cavaleiros, “Mordomos” ladeando o “Alferes da Bandeira” evocando a heroicidade de quem, à beira rio, se estabeleceu como cidade. Vêm os “Moleiros” lembrando o dia a dia do saber-fazer que herdaram de seus pais, lembrando as andanças que faziam com burricos. (...)
Depois vêm ainda “alegorias”, carros construídos com flores que carregam fantasias, jardins de Bela Adormecida, Lobos Maus, invenções capazes de subirem para a Lua. Vem o povo num retrato que os homens e mulheres de um “Rancho Folclórico” nos mostram vestindo coroças de pastor ou trajes de burel. É tempo feliz. Tocam filarmónicas. Incansáveis, batem os tambores.

Alberto Correia