EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20061007

O Lago da Cava


O Poço da Cava

(…)
O 3º lanço tem de comprimento 244m,00, caminhando para N.
Encostado a este lanço ainda hoje se vê, do lado exterior, um fragmento dos antigos fossos. Denomina-se Poço da Cava, espécie de lago com 12m,60 de largura e 147 metros de comprimento, cuja agua não seca nem transborda, por ser mais alto o terreno circunvisinho. Apenas na estiagem tiram alguma agua para rega com uns engenhos muito simples, denominados picanços. Assim regam alguns chãos da quinta contígua que fui do fallecido negociante Castello Branco, cuja casa defronta nas traseiras com o lago e tem uma linda varanda quasi sobre elle.
O Padre Leonardo de Sousa no 4º tomo do seu Catalogo tanbem fallou d’este poço e disse que criava peixes, mas que ninguem os pescava nem comia, receando serem nocivos à saúde, por estar a agoa sempre encharcada. 1
O dicto poço tem de superfície cerca de 1:850 metros quadrados; é de suppor que tenha nascentes proprias que o alimentam e que muito provavelmente alimentavam os fossos aquáticos que outr’ora circuitavam a Cava toda. Tambem é de suppor que os dictos fosso recebessem as aguas pluviais da Cava e dos terrenos adjacentes – e talvez as do Pavia, captadas em altura própria, a grande distancia.
(…)

1 Hoje cria bastante peixe e até enguias saborosas, que são muito perseguidas pelos pescadores.
Este lago quando esta cheio no Inverno, tem 4 metros de profundidade; na grande estiagem vê-se o fundo, mas então recolhem-se os peixes a um poço mais fundo que fica a E. do lago.

Pedro Augusto Ferreira, Bacharel em Theologia pela Universidade de Coimbra, cavalleiro da ordem da Nossa Senhora da Conceição de Villa Viçosa, socio effectivo da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portugueses, socio fundador da Sociedade de Instrucção do Porto e abbade de Miragaya na mesma cidade.
In, PORTUGAL ANTIGO E MODERNO, DICCIONÁRIO de Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal, continuado pelo autor, Lisboa, Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 5 - Largo de Camões – 6, 1890.