À noite, no "picadeiro",
Certo menino matreiro
Das fortunas indagou.
Créditos todos falidos,
Mulheres com teres p´ròs vestidos
Nem uma só encontrou!...
Esta vida tão cara
quem tiver grande tara
Se deixa ir no embrulho...
Numa casa sem ter pão
Lá diz um velho refrão
Que nunca cessa o barulho.
Meninas dos tempos de hoje
Vede como um homem foge
De vos pedir ao papá.
Escusais fingir riqueza
Sentando-vos numa mesa
Do tal "Pavilhão de Chã"....
Tudo em vós são fantasias
Por isso ficais p´ra tias
E as Feira hão-de passar...
Mulher que tem merecimentos
Escusa, como os jumentos,
Que a levem a afeirar...
Adelino Azevedo Pinto (Rijo), in "Retalhos dos Meus Trabalhos", Viseu 1985