EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


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20180518

"Sobre Cinema" de Jorge de Sena


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Este livro com esmerada concepção gráfica de Luís Miguel Castro, é mais uma das pequenas jóias da minha, modesta, biblioteca. Recolhe textos que Jorge de Sena escreveu entre os anos de 1946 e 1966, ano da sua morte e foi publicado no âmbito da comemoração dos 40 anos de actividade da Cinemateca Portuguesa.
Jorge Cândido de Sena nasceu a 2 de Novembro de 1919 em Lisboa e foi engenheiro, formado pela Faculdade de Engenharia do Porto, mas foi principalmente um cidadão empenhado, escritor e poeta. Em 1959 exilou-se no Brasil, onde se doutorou em Letras e ensinou Teoria da Literatura e Literatura Portuguesa. Em 1965 mudou-se para os E.U.A. com esposa Mécia de Sena, com quem teve 9 filhos, e foi Professor Catedrático na Universidade do Wisconsy e mais tarde na Universidade de Santa Bárbara, Califórnia. Faleceu em Santa Bárbara em 4 de Junho de 1978 e viveu como um inconformado. Aliou o drama e o sarcasmo que por vezes se confundia com azedume e arrogância. Da sua vasta obra saliento: Obra poética – Poesia - I (1977), Poesia - II (1978) e Poesia - III (1978); Ficção – O Físico Prodigioso (novela 1977), Andanças do Demónio (conto 1960) e Antigas e Novas Andanças do Demónio (conto 1978), Sinais de Fogo (romance 1979); Teatro – O Indesejado – António Rei (1951) e Amparo de Mãe e mais cinco peças em um acto (1974); Ensaio – Da Poesia Portuguesa (1959), História da Literatura Inglesa (1959/1960), Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular (1969) e Fernando Pessoa & Cª Heteronímica (1982).
Voltando ao livro e ao cinema, cito - “Sinto-me tentada a dizer que Jorge de Sena e a arte do cinema cresceram juntos. Isto porque, ainda criança e nos anos 20, a sua paixão sem exuberância de saber de tudo aprender, lhe foi alimentada por uma avó “cinéfila” que comprava revistas da época e que tinha assinatura nos cinemas onde as primícias se exibiam. E com essa Avó materna ou com a Mãe, tudo foi vendo avidamente.” (...) Mécia de Sena – Santa Bárbara, 15 de Junho de 1987.
Este volume reúne belas fotos com breves e excelentes textos à volta de filmes e autores como: Charlie Chaplin - Charlot, Hoje e Sempre, A Bela e o Monstro – Jean Cocteau, Almas Perversas – Fritz Lang, O Silêncio é de Ouro – René Clair, Breve Encontro – David Lean, Matou! – Fritz Lang, Milagre de Milão – Vittorio de Sica, Rio Sagrado – Jean Renoir, Crepúsculo dos Deuses – Billy Wilder, Algumas Notas sobre MacBeth e Otelo – Orson Wells.
Jorge de Sena foi um Cinéfilo e um Cineclubista, o romance “Sinais de Fogo” (1979, romance póstumo) foi levado à tela, em 1995, por Luís Filipe Rocha numa produção conjunta entre Portugal, Espanha e França.

"Sobre Cinema" de Jorge de Sena
Organização e Introdução de Mécia de Sena e Co-organização e Notas de M. S. Fonseca, Edição da Cinemateca Portuguesa, Lisboa, 1988