EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20160816

"624 ANOS A FEIRAR VISEU"


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“(…) A história diz que a Feira Franca (actualmente a mais antiga de toda a Península Ibérica) foi uma prenda de D. João I de Portugal, Mestre de Avis por Viseu ter sido a única cidade portuguesa a estar a seu lado na crise de 1383-1385. (…)”
“624 anos a Feirar Viseu”,  “Jornal da Feira”, de 5 a 11 de Agosto (Suplemento do "Jornal do Centro"

Se em Portugal os professores ainda usassem a palmatória, a “menina dos 5 olhos”, iria aquecer as mãos do menino que escreveu tamanho disparate.
Os factos desmentem o “escriba” porque foi em Lisboa que os partidários de D. João Mestre de Avis, filho bastardo do rei D. Pedro I e de Teresa Lourenço iniciaram um “Golpe de Estado”, matando João Fernandes Andeiro, Conde de Ourém e favorito da regente do reino, D. Leonor Teles a viúva do rei D. Fernando a que se seguiu o lançamento, pelas ruas do “boato” da morte eminente do Mestre. O povo de Lisboa, armado com o que tinha à mão, correu furioso ao paço e só quando D. João foi a uma janela, para acalmar os ânimos exaltados dos seus apoiantes, desistiu de assaltar e incendiar o palácio. O bispo de Lisboa, D. Martinho natural de Zamora, por se ter recusado a mandar repicar os sinos da Sé, foi atirado da torre e encontrou a morte. 
Este factos aconteceram no dia 6 de Dezembro de 1383 e o golpe palaciano que viria a transformar-se numa revolução popular, foi apoiado por uma parte da pequena nobreza, sobretudo filhos segundos, funcionários da administração do reino, burgueses e uma multidão - a “Arraia-miúda”, constituída por artesãos e jornaleiros. A maioria dos partidários da causa dum rei português estava localizada no Sul, em parte da Beira e na Estremadura. Os apoiantes da rainha D. Beatriz de Portugal, casada com D. João I rei de Castela, eram os poderosos senhores do Norte, sobretudo do Minho e Trás-os-Montes. As principais cidades e vilas que apoiaram a causa do Mestre de Avis, foram Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Viseu, Miranda, Moura e Ourique.
É certo que D. João I teve Viseu em boa conta, por cá permaneceu, aqui nasceu  D. Duarte o filho que lhe iria suceder. Viseu foi a cabeça do Ducado que entregou a D. Henrique, o Infante de Sagres mas Viseu, como arrolei não esteve só no apoio ao futuro rei e a justificação para a concessão da “Carta da Feira de Viseu”, merece o dito que muitas vezes ouvi à minha professora da Instrução Primária, a exigente Dª Aninhas, perante enormidades deste calibre: - “Valha-nos Nossa Senhora d’Agrela… Não há Santa Como Ela!”