EDITORIAL


Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!
José Régio


Aqui o "Acordo Ortográfico" vale ZERO!
Reparos ou sugestões são bem aceites mas devem ser apresentadas pessoalmente ao autor.

20090125

O Arrelvamento da Passadeira...



Na última semana foram várias as notícias publicadas nos jornais e ouvidas nas rádios locais sobre a "passadeira de granito" colocada sobre a Cava de Viriato, uma faceta da obra de "Recuperação e arrranjo paisagístico de parte da Cava de Viriato", empreitada no âmbito do Programa Polis para Viseu. O alerta para os trambolhões e aleijões já ocorridos levou o núcleo de Viseu da associação "Olho Vivo" [ligação] a mais uma vez questionar a obra por motivos de segurança e por achar que se descaracterizou o monumento. O arqueólogo e professor universitário João Inês Vaz afirmou que "Discordava totalmente da solução das lajes" pois assim se fez a " a desvirtualização total do monumento", o topo do monumento deveria ter ficado como estava, em terra batida. Diga-se que o piso de terra se apresentava muito firme e mesmo em tempo de chuva não originava lama. Pedro Sobral, outro arqueólogo ligado ao acompanhamento de várias obras em Viseu e às obras executadas na Cava, considerou que "a colocação das lajes" não desvirtualizou o monumento e que o projecto de arquitectura valorizou o monumento no geral. Porém entende que "As lajes estão muito espaçadas" e que quando por lá passa "tem de ir com muita atenção".

Na verdade são muitas as pessoas que se dirigem ao local para ver os resultados dos trabalhos mas é pouco agradável passear num sítio onde foi colocada uma plataforma de granito, a cerca de 30 cms do solo, com intervalos entre as lajes de 15 cms onde facilmente se pode meter um pé para tropeçar ou ficar entalado. Concordo com o arqueólogo Inês Vaz e acho além do mais que se desperdiçou muito dinheiro e se criaram autênticas ratoeiras. Se os projectistas pretendiam evitar a circulação de biclicletas cometeram um grande erro porque nada sabem sobre as modernas máquinas que facilmente ultrapassam buracos. Os mais radicais graças ao entulhamento da chamada "Cava de baixo", um caminho aberto no século XIX na muralha, descem pela face exterior montados nas suas máquinas que podem custar muitas centenas ou mesmo alguns milhares de euros.

Reagindo às críticas em anúncio da câmara municipal feito pelo presidente ficámos a saber que já foi contratada uma empresa para resolver os problemas detectados e espera que a solução "seja rápidamente implementada". A solução passará por "preencher os espaços com terra compacta e depois arrelvamento". Embora não conhecendo o projecto e apenas baseado na leitura das declarações do autarca parece-me ser mais "um remendo mal botado" que uma solução para um problema grave e real que não deveria ter passado na fase de projecto e que logo no início da execução deveria sensatamente ter levado à paragem dos trabalhos e à alteração. Prometo continuar atento e a trazer as novidades sobre a "passadeira de granito" e sobre a Cava de Viriato.

P.S. - Ver e ler o artigo da "Associação - Olho Vivo", de 27 de Março de 2008 [ligação] e citações do "Diário de Viseu", edições de 22 e 23 de Janeiro de 2009. Informo que calço o número 43.