Este livro reúne diversos textos de Jorge Luís Borges sobre Cinema. São alguns breves comentários sobre filmes, curtos enredos/ficções para películas, textos publicados nos anos 30 e 40, um Prólogo de Adolfo Bioy Casares um amigo, um escritor e colaborador de J.L.B., natural de Buenos Aires e ainda ensaios de Edgardo Cozarinsky – realizador, argumentista e actor, outro amigo de Buenos Aires, que coligiu os escritos.
Num dos seus interessantes textos – “Sobre a Dobragem”, publicado na revista Sur nº 128, de Junho de 1945, Borges escreveu o seguinte:
“As possibilidades da arte de combinar não são infinitas, mas costumam ser espantosas. Os gregos engendraram a quimera, monstro com cabeça de leão, com cabeça de dragão, com cabeça de cabra; “ (...)
“Hollywood acaba de enriquecer esse vão museu teratológico; por obra de um maligno artifício que se chama dobragem, propõe monstros que combinam as ilustres feições de Greta Garbo com a voz de Aldonsa Lorenzo. Como não tornar pública a nossa admiração perante esse prodígio penoso, perante industriosas anomalias fonético-visuais ?” ( ...)
“A voz de Hepburn ou de Garbo não é contigente; é, para o mundo, um dos atributos que as definem. E cabe ainda recordar que a mímica do inglês não é a do espanhol.”
“Mais de um espectador se interroga: Já que há usurpação de vozes, porque não também de figuras ? Quando teremos o sistema perfeito? Quando veremos Juana González directamente no papel de Greta Garbo, no papel da Rainha Cristina da Suécia?”
Esta discussão continua actual, a regra em Portugal continua a ser a legendagem, de vez em quando, vozes discordantes, defendam o fim desta prática. No lugar dos monstros, prefiro as versões originais e as legendas. Não será a dobragem a levar mais espectadores às salas de cinema, mas sim a qualidade dos filmes e o seu inigualável poder de atracção, de preferência em salas bem concebidas, com boas condições de imagem, som, conforto e sem pipocas... se possível!
Jorge Francisco Isidoro Luís Borges Acevedo, escritor argentino (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 – Suiça, Genebra, 14 de Junho de 1986) foi poeta, ensaísta e um grande contista. Apaixonado pelos livros e pela leitura foi um ávido leitor de enciclopédias! Nem a progressiva cegueira que o atacou a partir da década de 50 o impediu de continuar a escrever e a “ler” muito.
Num dos seus interessantes textos – “Sobre a Dobragem”, publicado na revista Sur nº 128, de Junho de 1945, Borges escreveu o seguinte:
“As possibilidades da arte de combinar não são infinitas, mas costumam ser espantosas. Os gregos engendraram a quimera, monstro com cabeça de leão, com cabeça de dragão, com cabeça de cabra; “ (...)
“Hollywood acaba de enriquecer esse vão museu teratológico; por obra de um maligno artifício que se chama dobragem, propõe monstros que combinam as ilustres feições de Greta Garbo com a voz de Aldonsa Lorenzo. Como não tornar pública a nossa admiração perante esse prodígio penoso, perante industriosas anomalias fonético-visuais ?” ( ...)
“A voz de Hepburn ou de Garbo não é contigente; é, para o mundo, um dos atributos que as definem. E cabe ainda recordar que a mímica do inglês não é a do espanhol.”
“Mais de um espectador se interroga: Já que há usurpação de vozes, porque não também de figuras ? Quando teremos o sistema perfeito? Quando veremos Juana González directamente no papel de Greta Garbo, no papel da Rainha Cristina da Suécia?”
Esta discussão continua actual, a regra em Portugal continua a ser a legendagem, de vez em quando, vozes discordantes, defendam o fim desta prática. No lugar dos monstros, prefiro as versões originais e as legendas. Não será a dobragem a levar mais espectadores às salas de cinema, mas sim a qualidade dos filmes e o seu inigualável poder de atracção, de preferência em salas bem concebidas, com boas condições de imagem, som, conforto e sem pipocas... se possível!
Jorge Francisco Isidoro Luís Borges Acevedo, escritor argentino (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 – Suiça, Genebra, 14 de Junho de 1986) foi poeta, ensaísta e um grande contista. Apaixonado pelos livros e pela leitura foi um ávido leitor de enciclopédias! Nem a progressiva cegueira que o atacou a partir da década de 50 o impediu de continuar a escrever e a “ler” muito.
“DO CINEMA” – Jorge Luís Borges e Edgardo Cozarinsky
Título original – Borges En/y/Sobre Cine
Tradução de: Ana Fonseca e Silva e Salvato Teles de Meneses
Colecção Horizonte de Cinema – Livros Horizonte, Lda. – 1983, 120 Páginas