A cidade de Vizeu é uma das mais antigas de Portugal, podendo a este respeito competir com as que mais se abonam em primazia de vetustez.
Como sucede a todas as povoações cuja fundação se occulta na penumbra dos séculos, Vizeu, possue lendas e fabulas, que a poesia tem revestido de roupagens mirabolantes, mas que a historia põe de parte porque, mais prosaica e positiva, não se prende com as lendárias ficções que as gerações vão transmitindo umas às outras.
Poderíamos aqui fallar de Viriato, o celebre capitão dos luzitanos e terror dos romanos, da Cava, do ultimo rei dos godo, Ramiro; mas deixando isto aos archeologos e antitquarios, diremos unicamente que Vizeu foi sempre uma das povoações mis importantes da monarchia portugueza, não só pela situação, commercio e industria, mas também pelo numero de varões eminentes com que tem dado lustre a Portugal e ao mundo. (…)
A Cava de Viriato, que esta próxima da cidade e dizem que era assento da antiga Vizeu, então chamada de Vacca, Vico Aquário ou Viso. A tradição rodeou este monumento das eras antigas de uma lenda patriótica, que o pequeno espaço de que dispomos não nos deixa referir, mas que o leitor menos lido nas lendas portuguezas encontrará no excellente livro do snr. Vilhena Barbosa, As cidades e villas da monarchia portugueza.
As torres romanas também tem a sua tradição. Estes monumentos estão hoje como que desconhecidos. Um d’elles está no fundo da rua do Relógio, o outro serve de prisão, e é a Cadêa. (…)
Vizeu conta uns nove mil habitantes. E’muito sadia, farta d’aguas excellentes e de todos os productos agrícolas do nosso paiz. Tem arrabaldes lindíssimos, amenos e pittorescos. De alguns sítios disfructam-se panoramas surprehendentes. (…)
Nas nossas luctas da liberdade, Vizeu apresentou-se como a cidade que mais filhos deu ao martyriologio politico.
Emfim Vizeu tem glorias que outras terras invejariam e que são como que o padrão do patriotismo e dedicação de seus valentes filhos.
C. SEIXAS
In, “Album de Vizeu” – Typographia Universal, Rua do Almada, 347, Porto - 1884