Cravelho em casa rural junto ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa, Quintela da Lapa, Sernancelhe
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- O Pai Natal não bate às portas. É como o vento. Bota-se a caminho e, pronto, está logo chegado. Se quisesse, entrava pelo buraco da fechadura. Connosco pouco adiantava. A nossa porta nem chave tem. Basta o cravelho, não há nada que roubar. Mas, como te digo, o pai Natal do que mais gosta é de descer pela chaminé. É para que saibam que vem do céu, à ordem do Menino-Deus...
- Ó mãe, mande pôr uma chaminé na nossa casa, mande! Queria tanto que o pai Natal cá viesse...!
- Estás na lua. Uma chaminé é para quem é. Custa dinheiro. Onde o tínhamos nós?
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Aquilino Ribeiro In "Sonho de Uma Noite de Natal", Edição do Centro de Estudos Aquilino Ribeiro (CEAR), Viseu 2004