(...)
Mas a vinha nobre, a que dá aquele finíssimo vinho do Dão apalhetado, macio, cor de rubi e tão espirituoso que até é capaz de ressuscitar um morto... – essa, como fidalga que é, vive em casa própria e mesa sua, mal tolerando sequer a sombra sequer a sombra da oliveira. Estende-se em chapadas largas pelas lombas dos outeiros, a trepar, às escaleiras desde o sopé da terra chã até o teso dos cabeços, por entre fragas, onde, sem cuidados, só as giestas logram medrar.
Para isso foi preciso fazer-lhe a cama a ferro e a fogo, rebentar a penedia a dinamite, revolver pedra e saibro a picareta e alavanca, meter-lhe na manta carros e carros de tojo verde e de rama de pinheiro!
Mas enfim, bem cuidada, animada, não lhe faltando a tempo a escava, com a cava, com a poda, a empa, a reda, a espoldra, o sulfato, o enxofre, o adubo como comida para a boca, enfim com mil despesas e maiores cuidados – meu Santo Antoninho onde te porei!... – ela aí está a vicejar por uns dez a quinze anos, nada para mais, que já esta vida em meio de pedregal foi um milagre, a bem dizer!
Esta é a vinha da Região Demarcada do Dão, do famoso vinho maduro da Beira Alta, do tal que aquece e reconforta... um morto! (...)
A. de Lucena e Vale In ”Beira Alta Terra e Gente”
Mas a vinha nobre, a que dá aquele finíssimo vinho do Dão apalhetado, macio, cor de rubi e tão espirituoso que até é capaz de ressuscitar um morto... – essa, como fidalga que é, vive em casa própria e mesa sua, mal tolerando sequer a sombra sequer a sombra da oliveira. Estende-se em chapadas largas pelas lombas dos outeiros, a trepar, às escaleiras desde o sopé da terra chã até o teso dos cabeços, por entre fragas, onde, sem cuidados, só as giestas logram medrar.
Para isso foi preciso fazer-lhe a cama a ferro e a fogo, rebentar a penedia a dinamite, revolver pedra e saibro a picareta e alavanca, meter-lhe na manta carros e carros de tojo verde e de rama de pinheiro!
Mas enfim, bem cuidada, animada, não lhe faltando a tempo a escava, com a cava, com a poda, a empa, a reda, a espoldra, o sulfato, o enxofre, o adubo como comida para a boca, enfim com mil despesas e maiores cuidados – meu Santo Antoninho onde te porei!... – ela aí está a vicejar por uns dez a quinze anos, nada para mais, que já esta vida em meio de pedregal foi um milagre, a bem dizer!
Esta é a vinha da Região Demarcada do Dão, do famoso vinho maduro da Beira Alta, do tal que aquece e reconforta... um morto! (...)
A. de Lucena e Vale In ”Beira Alta Terra e Gente”
Neste fim de semana no Solar do Vinho do Dão poderá provar o vinho e deliciar-se com outros sabores!