ORCAS, DÓLMENES E ANTAS
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Só os cegos desconhecem qual seja a feição comum das orcas: uma lapa artificial, mais ou menos subterrânea conforme o desnudamento do montículo de terra que lhe fizeram à volta, composta duma câmara sôbre o trapezoidal, com dois a três metros e meio de diâmetro, e da galeria comunicante, por via de regra entulhada, de seis a oito metros de extensão. Tanto a galeria como a câmara são formadas por grandes lajas erguidas a pino, capeadas por outras, mais altas as da câmara, pois que esta sobrepuja a edificação e a galeria rompe do sopé da mamôa, ao nível do solo, o nível ante, com a entrada portanto rasteira, de cova de bicho. A câmara é coberta por uma só lancha de proporções descomunais, sirva de exemplo a orca da Barroza cuja cobertoira mede 10,50 m2, e foi calculado o seu pêso em mais de doze toneladas. Também os esteios são de bruta conformação, a grandeza das peças tendo contribuído de modo eficaz para que o homem na sua sordidez e ignorância não tenha destruído de todo a obra ciclópica dos antepassados. (...)
Aquilino Ribeiro, in revista “Beira-Alta”, Volume I, Fascículo III, 3º Trimestre de 1942
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